quarta-feira, 12 de março de 2008

O amor, a paixão, o desejo e a ambição numa perspectiva do filme Tróia

O filme Tróia, do diretor Wolfgang Petersen e do roteirista David Benioff, descreve episódios contados nos dois poemas de Homero, a Ilíada e a Odisséia, reconstruindo o que teria sido a Guerra de Tróia. A Guerra de Tróia durou cerca de dez anos e tudo começou segundo a história porque Páris, filho de Príamo (rei de Tróia), teria se enamorado por Helena, considerada a “mais bela do mundo” e a raptada, que era a esposa do rei de Esparta, Menelau. Conseqüentemente a tudo isso, Menelau para defender sua honra, somado aos interesses de Agamenon (seu irmão e rei de Micenas), reúnem todas as forças gregas de diversos reinos para resgatar Helena e dominar a cidade de Tróia. O que estava de fato em jogo era a disputa pelas terras vizinhas do mar Negro, ricas em minérios e trigo, e o controle marítimo hegemônico dos gregos. Vale ainda ressaltar a figura de Aquiles, um semideus, porque teria sido fruto do “amor” de uma deusa (Tétis) com um humano (Peleu), e segundo a lenda foi mergulhado nas águas do Estígio, tornando-se invulnerável, exceto no calcanhar, por onde sua mãe o segurou. Ele foi o responsável pela morte do valente troiano Heitor (filho do rei Príamo), que matou seu primo Pátroclo pensando que fosse o próprio Aquiles. Páris, o irmão de Heitor, foi quem flechou seu calcanhar. Sendo assim, todo o contexto dessas duas obras, a tanto a Ilíada como a Odisséia mudam a direção e o foco da narrativa, isto é, se antes o homem era totalmente temente aos deuses, agora ele começa a utilizar-se de sua própria “razão”, entendida aqui não como a concebemos em nossa atualidade, mas como capacidade de imaginação e superação de seus limites. Os gregos não são livres, pois estão condicionados ao seu próprio destino. Mas tudo isso revela a busca do homem por si próprio e o despertar da filosofia, postulando causas para a sua existência. Não se trata apenas de uma guerra em nome do amor, mas um jogo de interesses humanos. Ao mesmo tempo em que experimentamos o amor, a paixão, também somos movidos pelo desejo e pela ambição. O homem é um ser que esta aí, impulsionado a partir da sua complexidade em busca de respostas significativas para sua origem e o seu fim.

Nenhum comentário: