quinta-feira, 13 de março de 2008

A supremacia da dignidade do ser humano e a banalização da vida

O filme no Original Children of man (2006) traduzido para o português como Filhos da Esperança, com direção e roteiro do cineasta Alfonso Cuarón é uma ótima oportunidade para questionarmos os nossos valores morais e éticos, o nosso sistema político, a nossa sociedade e, principalmente os fundamentos de toda nossa existência que são os princípios vitais. A história do filme se passa na Inglaterra, no de 2027. Já faz 18 anos que a humanidade tornou-se infértil. A incapacidade reprodutiva provoca um grande caos social, torna-se agudo o problema dos imigrantes, da fome e das doenças. Todo esse cenário piora quando a pessoa mais jovem do Planeta morre. Em meio a tudo isso aparece Theo, um ex-ativista que leva uma vida desiludida e inerte, que após reencontrar sua esposa vê o seu cotidiano mudar completamente. Julian é ativista e pede a Theo que providencie documentos para que possam transportar uma jovem imigrante para fora do país. É então que ele descobre que a tal imigrante é negra e está grávida e fará de tudo para impedir que seu filho seja utilizado para fins políticos. E no final, como a própria tradução do título do filme diz, há sempre esperança. Embora o filme seja uma ficção científica, não está muito além da nossa realidade. Ele é capaz de despertar em seus expectadores reflexões muito pertinentes sobre a “natureza humana”, se é que esta existe. O roteiro aborda questões essenciais nos dias de hoje, como o preconceito, a falta de comunicação, o totalitarismo, a fome, a banalização dos sentimentos e do respeito à dignidade humana, gente mais afeita a cães e gatos de estimação do que o contato humano de verdade. Isso tudo já acontece aqui e agora. O próprio desenrolar do filme é angustiante, pois, embora seja uma projeção do nosso futuro, os indícios da nossa falta de sensibilidade a nossa própria existência já são conseqüências daquilo que estamos vivenciando. É preciso ter esperança, mas só isso não basta. Por isso, uma mensagem crucial do filme é deixar de maneira ainda que implícita ou explícita, reflexões sobre os dilemas que assolam a humanidade. Não apenas com o intuito de respondê-las, mas tendo em vista a consciência de que cada indivíduo é parte fundamental para a solução desses problemas.

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